quarta-feira, 21 de agosto de 2013

referências

São Paulo recebia brasileiros e estrangeiros de todos os lugares do mundo, cada um que chegava trazia em sua bagagem a cultura, o idioma, os costumes e manias dos lugares de onde vinham, traziam o sonho de uma vida melhor, em uma terra de estranhos e tão diferentes personalidades.
Tudo se misturava a tudo, um caldeirão antropofágico, movidos pelo desejo de ordem e progresso e um futuro que nunca chegaria, a metrópole engolia e devolvia aos seus habitantes, respostas imediatas de tudo o que acontecia, os prédios eram erguidos pela mão de obra nordestina, eram famílias e famílias que chegavam em grupos, juntando-se aos paulistanos, que por sua vez, era o resultado da mistura dos ex-escravos, o que havia restado dos índios e os europeus renegados, alguns vinham fugido de seu país, por haverem se envolvido em crimes ou conflitos sociais. A indústria automobilística tornava realidade o sonho dos suburbanos, uma base sólida que viria a projetar o metalúrgico que se tornaria presidente do Brasil.
Na selvagem terra de ninguém, prevalecia o uso do álcool e as armas, era natural um pai de família, possuir um revolver calibre 38 e carregá-lo na cintura, era necessário se defender de tantos perigos que existiam nas ruas e na sociedade. Geralmente após um dia de duro trabalho, sem televisão, poucos cinemas que só abriam no fim de semana, e a internet ainda demoraria 30 anos pra aparecer, restava-lhe o boteco, lugar onde encontraria amigos para beberem, em seguida se dirigia pra casa. Embriagados e armados brigavam com as esposas e maltratava os filhos, ameaçavam de morte com arma em punho, às vezes um ou outro atirava, e fugia para outros estados, onde formavam outras famílias, deixando pra trás vidas traumatizadas, pela covardia e abandono.
Filho de nordestinos, como a maioria das crianças naquele local, era educado segundo as tradições religiosas católicas, uma herança de Portugal, era de fundamental importância, aprender com toda humildade, a entrar e sair de qualquer lugar com a cabeça erguida.
Com os mineiros aprendi a fazer quieto, com os baianos aprendi a rebolar, com os cariocas aprendi a ser esperto e com os paulistas aprendi a trabalhar.

Mas eu só queria era tocar guitarra, enquanto as crianças brincavam de bandido e mocinho, eu empunhava uma guitarra de plástico, com 4 cordas que era possível afinar  e fazer alguns acordes, desfilava pelas ruas ostentando um sorriso de felicidade angelical.

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