sexta-feira, 30 de agosto de 2013

setenta vezes sete

  70 x 7

Este é o numero de vezes que devemos perdoar os nossos devedores, não 490 vezes, mas infinitamente. Dizem que errar é humano, no entanto eu conheço muitos desumanos que erram em todos os sentidos, principalmente quando fazem julgamento precipitado do próximo mais próximo, demonstrando total ignorância dos fatos que pensam conhecer, provavelmente por não terem olhos de ver e nem ouvidos de ouvir, nem sensibilidades aos sentimentos, é como as ondas de rádio, uma FM nunca sintoniza uma AM e vice versa, apesar das ondas estarem no mesmo lugar e espaço.
Seria melhor que não tivéssemos devedores, que não fossemos atingidos, afetados ou alcançados por injurias e faltas de qualquer espécie, isto seria possível se nos mantivéssemos em vibrações e sintonias de alto padrão, mas este atributo só pertence ao seres iluminados, aqueles que já fizeram o caminho e conquistaram o direito de imunização.
Mas porque devemos perdoar ?
Pra estarmos livre, pra não manter um laço, uma amarra, uma âncora com energias funestas, imagine um determinado momento na vida, quando recebemos uma promoção e precisamos levantar voo, crescer, transmutar e nos deparamos chumbados, presos, condenados, ligados naqueles com quais temos diferenças, deve ser por isto que quando vamos fazer nossa oferenda, antes devemos nos conciliar com nossos adversários, senão a oferta não será aceita.
Se alimentarmos sentimento de amargura, tristeza, azedume, sofrimento, vingança, estaremos contraindo doenças mentais, físicas, espirituais e assim afetando e atrasando o nosso progresso.
Devemos cultivar laços de amor, fraternidade, amizade, simpatia, alegria, carinho, respeito, etc., assim criar um campo energético positivo, proporcionando condições para bem-aventurança, esta é a lei que rege todos os seres.
Quantas vezes repetimos esta frase: “... perdoais as nossas ofensas, assim como perdoamos nossos devedores ... ” e acrescentamos, eu perdoo, mas não quero ver a cara do infrator (a), isto me parece um perdão parcial, fragmentado, não eliminado a ligadura, mantendo assim as amarras.
Amar os amigos já é complicado, mas somos agraciados pelas compensações, tipo toma lá dá cá, agora amar os inimigos, não é pra qualquer um, qual de nós diria: “perdoai senhor, eles não sabem o que fazem” no momento em que estamos sendo abatidos.
Devemos acreditar na justiça, não a dos homens, mas a divina, e compreender que as leis imutáveis se aplicam a todos, sem privilégios, assim racionalmente, poderemos aceitar a vida como ela é.
O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras, é o caminho para atingirmos a paz.
“O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte.” (Mahatma Gandhi)


em maus lençóis


Todas as vezes que alguém“despacha”, “manda desta pra melhor”, elimina, mata seu inimigo, adversário, ou vítima, coloca-o em grande vantagem, dando-o a chance de se preparar para o próximo combate, em um território ainda desconhecido para os vivos.
O “novo morto” vai para o mundo dos mortos, carregado do desejo de vingança, e após o período de adaptação, se dá conta que seu “matador”, causador daquela situação, em breve chegará, ou de morte morrida, ou de morte matada, é uma questão de tempo, e pra quem já está nesta condição, o tempo não falta.
Enquanto o “matador” não chega, o novo habitante vai descobrindo suas habilidades, seus limites, suas possibilidades e preparando uma recepção para o inevitável reencontro. Dependendo do grau de crueldade misturado com a sensação de justiça, até justificável, podemos concluir que não será nada fácil pra quem provocou esta situação, que estará em maus lençóis, assim é a lei.
Este quadro permanecerá para sempre, ou enquanto durar, anos, séculos, milênios, dando a impressão de eterno ou até que as contas fiquem zeradas.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

referências

São Paulo recebia brasileiros e estrangeiros de todos os lugares do mundo, cada um que chegava trazia em sua bagagem a cultura, o idioma, os costumes e manias dos lugares de onde vinham, traziam o sonho de uma vida melhor, em uma terra de estranhos e tão diferentes personalidades.
Tudo se misturava a tudo, um caldeirão antropofágico, movidos pelo desejo de ordem e progresso e um futuro que nunca chegaria, a metrópole engolia e devolvia aos seus habitantes, respostas imediatas de tudo o que acontecia, os prédios eram erguidos pela mão de obra nordestina, eram famílias e famílias que chegavam em grupos, juntando-se aos paulistanos, que por sua vez, era o resultado da mistura dos ex-escravos, o que havia restado dos índios e os europeus renegados, alguns vinham fugido de seu país, por haverem se envolvido em crimes ou conflitos sociais. A indústria automobilística tornava realidade o sonho dos suburbanos, uma base sólida que viria a projetar o metalúrgico que se tornaria presidente do Brasil.
Na selvagem terra de ninguém, prevalecia o uso do álcool e as armas, era natural um pai de família, possuir um revolver calibre 38 e carregá-lo na cintura, era necessário se defender de tantos perigos que existiam nas ruas e na sociedade. Geralmente após um dia de duro trabalho, sem televisão, poucos cinemas que só abriam no fim de semana, e a internet ainda demoraria 30 anos pra aparecer, restava-lhe o boteco, lugar onde encontraria amigos para beberem, em seguida se dirigia pra casa. Embriagados e armados brigavam com as esposas e maltratava os filhos, ameaçavam de morte com arma em punho, às vezes um ou outro atirava, e fugia para outros estados, onde formavam outras famílias, deixando pra trás vidas traumatizadas, pela covardia e abandono.
Filho de nordestinos, como a maioria das crianças naquele local, era educado segundo as tradições religiosas católicas, uma herança de Portugal, era de fundamental importância, aprender com toda humildade, a entrar e sair de qualquer lugar com a cabeça erguida.
Com os mineiros aprendi a fazer quieto, com os baianos aprendi a rebolar, com os cariocas aprendi a ser esperto e com os paulistas aprendi a trabalhar.

Mas eu só queria era tocar guitarra, enquanto as crianças brincavam de bandido e mocinho, eu empunhava uma guitarra de plástico, com 4 cordas que era possível afinar  e fazer alguns acordes, desfilava pelas ruas ostentando um sorriso de felicidade angelical.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

diário de bordo (01)

Minha nave está à deriva, já se passaram mais de meio século, assisto a chegada de uns e a partida de outros, a primeira leitura que faço ao meu redor ou até onde meus sentidos periféricos conseguem alcançar é de perigo eminente, sinto uma tensão emocional contagiante, depressão, ansiedade, medo, insegurança, frustração, tristeza, conflito intimo, desânimo, cólera, inconformidade e apreensão. Aos poucos vou me aproximando da Terra.
Os dias são mais curtos, a chuva não para, tenho desenvolvido a habilidade de matar moscas e pernilongos com as mãos, num golpe certeiro interrompo o vôo desordenado dessas espécies, um amigo disse que tenho parte com animal, não os vejo, mas sei que este lugar está cheio de ácaros, o ambiente está gravemente úmido, vejo e sinto cheiro de mofo em quase tudo, primeiro forma-se uma camada branca e poeirenta, depois vai se esverdeado até ficar uma casca felpuda que às vezes escorre pelas paredes, isto alcança os livros, roupas, meu violão, o piano, a guitarra, a bateria, as molduras e quadros, a comida armazenada, as rachaduras na parede, meus documentos, meu carro e meus objetos de ate. Silenciosamente multiplicam-se e espalham-se em felpos viscosos, tenho a nítida impressão de que antes que se complete 1/4 de século, estarei totalmente coberto por esta lanugem.
O mofo, organismo planctônico, é alimento da origem da vida, e numa escala progressiva em espiral, e vivendo transformações e mutações, forma todas as espécies viva no planeta, incluindo nossos corpos. A NASA devia enviar-lo para planetas ainda não habitados, e dar início a vida de novas espécies.
É sabido que numa existência humana, a partir do inicio da fase adulta, o invólucro carnal inicia um processo de envelhecimento irreversível, nossas células se renovam totalmente entre períodos, basta olharmos no espelho e verificamos o aparecimento de rugas e cabelos e brancos, é como tirar fotocopia de cópia, a cada processo, as cores e imagens vão se distorcendo, até não ser possível identificar o original. Quando chega este momento, os dentes caem, a coluna vertebral curva-se dando forma da corcunda, a psique torna-se infantil, como se preparando pra nascer de novo, em outro lugar em outro mundo.
Portanto é racional selecionarmos e escolhermos nossos alimentos, que é a matéria prima na renovação das nossas células. Tudo que nossos cinco ou seis sentidos capturam, tornam-se alimentos para nosso “EU”, daí a expressão: “C eh o que c come !”, literalmente somos o que comemos, o que devoramos.
Tenho fome, tenho sede, tenho pressa, nos próximos 4 anos, vamos evoluir tecnologicamente mais que nos últimos 400. Já começou a separação do joio e o trigo, não dá mais pra ficar em cima do muro, o de Berlim não existe e o da China vai cair, com a globalização o que existe são pontes para todos os lados, e assim forma-se uma rede como uma teia de aranha, é tudo ligado em tempo real, não se pode mais alegar ignorância, ninguém é mais bobo. Neste ponto é que se encontra a chave de tudo, com tanta esperteza, e na mesma intensidade da evolução material, existe uma regressão (se isto for possível) de ordem moral. O planeta se transforma, deixa de ser de provas pra se tornar de regeneração, a então anunciada “era de ouro”, onde o mal ainda vai existir em quantidade menor que o bem. Todos nos já fizemos nossas escolhas, num mundo transitório como o nosso, ser é mais que ter, a grande maioria vai ranger os dentes, outros vão se tornar trabalhadores da ultima hora, num esforço kamikaze de tentar salvar o espírito, já que o corpo está totalmente comprometido pelo álcool, pela carne, pela droga e pensamentos negativos. É quando se fará cumprir a profecia de que muitos serão chamados e poucos os escolhidos. Estamos presenciando a todo o momento, em todos os reinos, a partida coletiva de milhares de vidas, são manobras necessárias para grande mudança anunciada em profecias e estudos científicos. Resta saber o que está reservado pra cada um.
Mas nem tudo esta perdido, felizmente existem os iluminados, são as gerações índigo e cristal, seres que mesmo criança em nosso mundo, trazem lições de ordem moral elevada, mostrando hábitos e costumes que devemos adotar, vem nos mostrar a existência de um mundo superior, provavelmente de onde partiram, são rebeldes com a injustiça e estupidez e não aceitam ordens dos velhos idiotas, que resistem à boa nova. É tarefa nossa facilitar a missão deles, e se formos merecedores, poderemos num futuro, voltar a viver num planeta livre da ameaça de extermínio.

Meu telefone não funciona, meu Windows é pirata minha internet é discada os apagões são constantes, e lembrando Jesus que morreu na cruz, estou cercado por ladrões e pessoas que me oferecem vinagre, estamos na véspera de uma copa do mundo e eleições, eu ainda acredito na humanidade, como diz a musica dos Titãs “Enquanto houver sol” , alimentarei minhas esperanças.

quando o verbo era verbo

Estava tudo bem, a harmonia se instalava em todo lugar, tudo dava certo, havia um equilíbrio nas distribuições das cores e sons que compunham os diversos ambientes naquele mundo, a arquitetura era suave e inteligente, a temperatura amena, o pensamento gerava o movimento, tudo estava em seu devido lugar, de repente surge uma palavra nova, abduzido, o que significava aquilo?  Depende do lugar que você está, aqui, significa que em determinada hora e lugar, você é transferido para outro mundo, vai do jeito que tiver .

Era um domingo de sol, 11:45 h, 13 de julho de 1958, (a data, viria a se tornar o “Dia mundial do Rock”), ABC paulista, tudo dava certo, nas rádios tocavam A Taça do Mundo é nossa (1), Cabecinha no ombro (2), Chega de Saudade (3), Estrada do Sol (4) entre outras músicas, estava chegando a bossa-nova. O Brasil era campeão do mundo, o jogo foi 5 x 2 conta a Suécia, Maria Ester Bueno vence em Wimbledon, havia começado a produção do Fusca, Brasília estava quase pronta, através da batuta dos mestres, Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer.

No mesmo ano, chegavam Eduardo Dusek, Cazuza, Prince, Kate Bush, Madona e Michael Jackson . O livro Gabriela , Cravo e Canela de Jorge Amado, era o mais lido, Glauber Rocha estreava como diretor de cinema, estava começando o cinema novo, tudo era moderno, tudo era bonito, tudo era bárbaro.

Se é que é possível escolher o momento pra nascer, eu escolheria este, agora estou terráqueo.

1958 - o ano que o mundo descobriu o Brasil.

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1 - W. Maugeri, Maugeri S., V. Dagô e L. Müller
2 - Paulo Borges
3 - Tom Jobim e Vinícius de Moraes
4 - Tom Jobim e Dolores Duran